Não quero embirrar, mas por acaso vocês não acham estranho, que nos minutos de silêncio que têm sido praticados nos estádios de futebol, por razões mais que justas e assinaláveis de intensa solidariedade, sejam sempre acompanhados de salvas de palmas e uma enorme dessincronia caótica, em que apenas os jogadores parecem levar a sério o recolhimento, tornando-se "artistas" de um espectáculo que está a ser visto apenas , e não sentido por todos?
Devo estar maluco, mas este comportamento colectivo, dá-me cabo dos nervos.
Um minuto de silêncio, na minha terra, significa introspecção , não?
Não devia constituir o silêncio da intimidade colectiva, tal como o nome indica, uma força intimidatória e condenatória de todo o tipo de atentados, inclusivamente da morte que subitamente pode vencer a vida ainda jovem e prematura?
Eu acho que sim , mas pronto...devo estar a ficar maluco...
O silêncio intimida mesmo, caramba!
quinta-feira, agosto 04, 2005
É uma história de carácácá eu sei...
Publicada por João Gil à(s) 3:30 da manhã
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3 comentários:
Realmente não sei o que se passa nestes dias que há uma imensa vontade de bater palmas nos minutos de silêncio... Realmente nunca tinha pensado que poderia ser pelo facto de o silêncio ser intimidatório. Realmente é provável que as pessoas que batem essas palmas sejam as que não compreendem o significado de um minuto de silêncio.
O que é facto é que nos últimos tempos o único minuto de verdadeiro silêncio a que assisti e senti verdadeiramente que todos os que estavam à minha volta (e não eram poucos) compreenderam foi o prestado a Miklos Feher no Estádio da Luz. Foi de arrepiar... 60.000 pessoas todas envolvidas num silêncio arrepiante. E quem lá esteve de certeza que sabe do que estou a falar.
Aí sim, sentimos todos o verdadeiro significado daquele momento...
O silêncio assusta-os, porque têm medo de pensar. Porque têm medo de sentir. Porque pensam que, não sentindo a fraqueza, se tornam mais fortes. Puro engano. Vazios.
Nem sempre o silêncio é inteiro, sofrido até de prazer.
E os aplausos depois de certos silêncios são homenagens.
Nada linear...mas entendo.
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