segunda-feira, novembro 13, 2006

Pandemia afectiva

Pode ser que tu me ajudes
estimado amigo meu

Duas semanitas atrás, fui ver um concerto
no grande auditório da fundação Gulbenkian,
e esta noite, fui um dos contemplados no ritual de
Mr. Jarrett no CCB

Se no primeiro, o público presente mostrou estar perfeitamente dentro e silenciosamente interessado,
no segundo caso, o publico apresentou-se algo
desconfortável e desconfiado pela desconfiança
do artista Jarrett marcado pela experiência abisbílica
que foi o desconcerto do coliseu antigo no tempo em que se podia fumar.

Por fim um final feliz.
Um grande pianista e um público absolutamente fantástico, que se pudesse nem sequer respirava, tal o incomodo...

Ficou provado que a doença de que enfermam os Portugueses é normal e afinal de contas, solidária e afectiva...
Quando um Português assobia, forma-se um coro.
Quando alguém tosse, aparece logo um parceiro que diz:
- Não Não! Aqui quem tosse sou eu, e por aí fora..
Finalmente entendo o fenómeno:
A tosse é uma espécie de nervoso miudinho que aparece na intimidade do silêncio.
Em suma, somos um todo em que tudo se pega e transmite.
Fazemos questão e na decisão da denuncia do incómodo dizemos todos:

Ai de quem tossir!

Quando era pequenito lutava por um lugar no pódio da escola.
Ganhava quem chegava mais longe.

4 comentários:

Margot disse...

Também estive lá ontem à noite.
E também me senti tensa e nervosa...mas não tossi! :)
Foi de facto memorável.
Uma qualidade inexplicável.
Parece que só daqui a uns meses vou perceber o que de facto ali ouvi porque agora ainda é cedo para digerir tudo aquilo. Nem dormi da agitação miudinha!
E o público estava quase hipnotizado, imóvel, suspenso...
Ele tinha-nos na mão e nós só queriamos que ele ficasse e tocasse e nos perdoasse qualquer coisinha.

Anónimo disse...

...o Mário contou-me.

E gostou tanto do concerto











...como de te ver.
:)

Alex disse...

cof cof cof ;)

Lembro-me de um concerto da Diana Krall, era o meu primeiro concerto do género e mal me mexia na cadeira porque o que apetece é absorver cada som, cada tecla de piano. Na sala estava alguém constipado, ora espirrava ora tossia. Um horror. Ela chegou a parar de tocar por uns minutos porque aquilo estava a incomodar.

No verso dos bilhetes, onde diz "é proibido fumar na sala, não é permitida a entrada depois do evento começar, não é permitida a entrada de objectos perigosos ou animais domésticos (?), etc. etc. etc.

deviam acrescentar uma cláusula: "não é permitida a entrada a pessoas com sinais evidentes de constipação (sonorização)".

e pega-se, pois pega.



Também não gosto de estar numa sala de cinema e ouvir 100 pessoas a mastigar pipocas com aqueles baldes de 1 kg sentados ao colo.



Boa semana!

Pêndulo disse...

olá, João!

concordo com o que dizes... amanhã vou ver o Michael Nyman e espero que não haja grandes dosesde virus no TAGV... :-))

mas... o contrario também acontece, quantas vezes!! quantas vezes estás com vontade de te mexeres na cadeira, numa musica bem mais animada e ficas inibido porque todos à tua volta ficam impávidos e serenos? é por isso que eu gosto dos concertos no Porto... ou aqui na zona de Coimbra, dos concertos em Montemor... (lembras-te dos concertos dos Cabeças no Ar em 2004 em Montemor e em Cantanhede?? uma diferença abismal... a uma distância de 20 kms...).

já agora... preferes que na 6a fiquemos quietinhos e impávidos? tu escolhes... :-))))