quarta-feira, dezembro 06, 2006

Redacçao: O Natal

O Natal é uma seca.
O Natal já teve melhores dias.
Comprar e vender,
vender e comprar.
Os velhinhos escolhem o Natal
para morrer em família,
lá saberão das razões.
Os putos não se importam e com razão.
Quando as famílias são divertidas,
um tipo diverte-se, até para desenguiçar dos casamentos e funerais.
É quando vejo o anúncio da Coca-Cola,
que me lembro da versão americana do Pai Natal.
A neblina ao longe... a criança que olha para o lado
de lá da montra de uma loja ou da lareira acesa
de uma família aparentemente feliz.
Do Natal, safa-se o bacalhau, as couves
e o prazer imenso de juntar uma família à mesa.
Ganha a taça quem não oferecer nenhuma prenda,
e não se sinta por isso culpado.
Há sempre muito boas e correctas razões para adorar o Deus Menino, que a mim, por exemplo, fez cantar noite fora pelas ruas da minha cidade Covilhã, quando a neve dava os primeiros sinais da sua vida curta e gelada.
Lindo!
Mas... confesso-te meu estimadíssimo,
Já odiava o carnaval,
mas pelos vistos... antecipou-se.


Uma decoração

12 comentários:

Mariana Matos disse...

"Três estrelas de alumínio
A luzir num céu de querosene
Um bêbedo julgando-se césar
Faz um discurso solene

Sombras chinesas nas ruas
Esmeram-se aranhas nas teias
Impacientam-se gazuas
Corre o cavalo nas veias

Há uma luz branca na barraca
Lá dentro uma sagrada família
À porta um velho pneu com terra
Onde cresce uma buganvília

É o presépio de lata
Jingle bells, jingle bells,

Oiçam um choro de criança
Será branca negra ou mulata
Toquem as trompas da esperança
E assentem bem qual a data

A lua leva a boa nova
Aos arrabaldes mais distantes
Avisa os pastores sem tecto
Tristes reis magos errantes
E vem um sol de chapa fina
Subindo a anunciar o dia
Dois anjinhos de cartolina
Vão cantando aleluia

É o presépio de lata
Jingle bells, jingle bells,

Nasceu enfim o menino
Foi posto aqui à falsa fé
A mãe deixou-o sozinho
E o pai não se sabe quem é

É o presépio de lata
Jingle bells, jingle bells"
(RVeloso)
:)

No Carnaval, João, não há músicas como esta.

Maria disse...

Por mais que odiemos esta quadra mais consumista do que natalícia, há qualquer coisa de especial nestes dias, nem que seja o facto de as pessoas sorrirem um pouco mais nas ruas, a música que invade as cidades... mesmo que seja por interesses comerciais, mais vale aproveitar esta espécie de magia que, uma vez por ano, se abate sobre nós... E há sempre as couves e o bacalhau, a família, os ausentes que se recordam... este ano sem dúvida o Natal, para mim, vai ser diferente, mas depois de aprendidas algumas lições, sei que o vou aproveitar da melhor maneira...

Cristina disse...

Não, não vou embarcar naquela cantilena habitual de que o espírito natalício não existe, que é a celebração do consumo, que o espirito solidário tem que ser todo o Ano, patatipatatá...eu gosto.
Eu sei que dramas existem (e como sei..), que nem tudo é como devia, ou como desejávamos que fosse, mas que diabo! Porque razão se há-de condenar uma época que apesar dos pesares serve para reencontrar família e amigos e falar horas de tudo o que não houve tempo durante o ano à volta de de uma mesa farta ou de um café e umas filhoses que seja? Porquê condenar uma época em que nos esforçamos por dar uma folga às pequenas (e grandes) frustrações do dia a dia, das desilusões quotidianas, ah! eu gosto até do stress e das correrias e das prendinhas de ultima hora. Afinal de contas, como alguém dizia, um dia feliz é muito melhor que um dia triste independentemente da época que seja. E é bom lembrarmo-nos daqueles de quem gostamos e sabermos que se lembram de nós, nem que seja uma vez por ano.

cumps

CL disse...

Natal? Não gosto, desde sempre. É uma época triste e, se pudesse, hibernava e só voltava depois do Carnaval! Salva-me o facto de não ter TV e não sofrer de bombardeamentos com publicidade natalícia a todo o instante!

Bjs e até breve

Unknown disse...

Junto-me à festa João.
Natal e Aniversários, para mim é equivalente, choro a valer, ando de rastos nestes dias, lembrar os ausentes, báhhh.

No entanto lembro-me do primeiro Natal, muito kitsch, o meu paizinho comprou uma lareira a fingir e colocou as meias de todos. Fiquei estarrecida, o Natal era aquilo, uma lareira a fingir e umas meias penduradas, isto passou-se em Angola há long time ago. Mas adorei, passei a noite acordada pois tinha a certeza de que o Pai Natal desta vez vinha à minha casa e eu queria vê-lo.

Compro os presentes para os miúdos e faço com as minhas mãos e cabeça as restantes lembranças. Este ano lembrei-me de só oferecer no dia dos Reis mas o pessoal não está para ai virado.

Desejo que comas um belo bacalhau na companhia dos que mais amas.
Beijinho

Bruxinha disse...

Estou-me a lembrar dos Natais que passei natua terra. Uma das coisas que sempre adorei na Covilhã, era o presépio ao vivo, no meio do Pelourinho. Quando digo ao vivo, era mesmo, com animais e Menino Jesus.
Lindo mesmo...
Ah, e as filhós e o pão centeio...

A serra tem o seu encanto.

Beijokas

heidy disse...

Cada um sente o natal de maneira diferente. Podemos fazer dele o que quisermos. Isso será escolha nossa. Eu gosto do natal. Confesso que o meu lado criança vem ao de cima. Não pela forma consumiste como se vive a época. Mas, sim pela magia que as pessoas deixam emanar delas próprias. É isso que me fascina.

Pedaços de mim disse...

Bom dia João,
Penso precisamente da mesma maneira,
agora até temos borboletas nas lojas para enfeitar as árvores de Natal,
será que existem agora borboletas ou é mais uma lendinha do Natal que eu desconheço?
Bjs

marta, a menina do blog disse...

Na véspera de Natal, todos os anos, arranjo maneira de juntar as mulheres da família para fazer um alguidar enorme de filhoses!!
Com o cheiro a fritos, a açúcar amarelo e a canela, toda a gente fica bem disposta!!
E adoro receber meias com bonecos e chocolates!! Bem, e livros, também!!
É o que dá ter uma idade mental que se situa ...algures no início da adolescência!! ;)
Tem de haver alguém com (muita muita) energia positiva para puxar pelos outros!!

Titá disse...

Resta-nos de alguma forma tentar viver aquele tradicional NAtal beirão, com janeiras, missa g o galo e no dia seguinte com roupa velha...ehehhe
Beijinhos e bom fim de semana

Nuno Reis disse...

Como sempre uma prosa magnifica. Obrigado João. E bom Natal hehe! (sem Pai Natal, prendas e pinheiro)

Alex disse...

O Natal é triste. É triste porque custa ver que há pessoas que não o passam como nós. No quentinho, em casa, junto da Familia. E são tantas as pessoas.
Mas também é alegre. E nós sabemos que há muito a fazer no Natal. Não é João?

Deixo-te um abraço.
Um abraço daqueles bem apertados.
Sei que vais entrar no ano novo com muita música. Então que seja, vai ser esse o brinde que te faço, que a música continue contigo, connosco, com o mundo inteiro. A boa música. A união dos povos (como tu dizes), porque a musica chega a todos. Verdade. Tens toda a razão. O segredo da paz, secalhar.


Então brindemos à musica. À tua!
À Filarmonica!!!!!!!