Caro João :
Inesperadamente,
sou eu que te escrevo desta,
e faço-o com o gosto que imaginas.
Não te quero sentir assim ao longe, um pouco angustiado.
Tirar-te o peso da obrigação, a que a mim te obrigas,
é minha obrigação.
Tu próprio o afirmas quando me apelidas de teu quase.
Gosto de ser o teu quase, mas não te forces a mim.
Deixa-te assim.
Diariamente espero o toque do carteiro, é certo.
Estou sempre curioso de ti, das tuas coisas e problemas.
Obrigado pelos teus alguns momentos de absoluto delírio que partilhas comigo.
Mas, ouve-me:
As minhas aulas continuam como sempre,
os meus alunos entendem coisas, tocam nas cores,
fazem um esforço sincero,
isso encanta-me.
Tenho exposto os meus quadros,
a vida segue o seu rumo, o fogo não se apagou.
Auto-retrato-me sem que ninguém o entenda,
vou criando sulcos, esquizofrenando através do universo colorido.
Enfim, tal como tu, vivo!
Entende que é bom este descanso de ti.
Sucessiva, é a entrega de correspondência, e por mais que fantasies, acabas rotinando o que não queres .
Deixa-te.
Estou bem.
Espero que tu também.
Um abraço sincero.
Q.
quarta-feira, janeiro 11, 2006
Caro Joao
Publicada por João Gil à(s) 6:12 da tarde
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7 comentários:
Só a tua imaginação para teres uma carta do Quase...
Liiinddoooo...
Pois acrescento: aproveita todos os momentos desse lugar óptimo e DIVERTE-TE MUITO.
Beijo
Acho curioso esse nome - "Quase"!... "Quase" quê? "Quase diário"? "Quase amigo"? "Quase eu"?
Talvez seja a última hipótese, daí o seu/dele (do Quase) "auto-retrato-me"; mas também aí se insinua o "quase" através do "esquizofrenando-me" sugerindo a multiplicidade de personagens, ou seja, a ficção.
Interessante este texto de hoje... dá vontade de seguir os que se lhe seguirão.
Boas férias e dê notícias ao Quase.
acabas rotinando o que não quero...
BOM ANO para ti!
Tenho-te espreitado mas ainda não tinha dito nada!!
Continua a escrever como tão bem o fazes.
Saudações Beirãs ;)
Um bom dia com sol
gosto do quase! verdade, gosto!
Quando forem colocar as vossas poesias, fotos e imagens, sacos encontrados
no momento, coloquem-nos dentro de uma capa de plástico.
Deste modo, o papel ficará protegido da geada nocturna, vulgo cacimba, que
torna o papel molhado, deixando de ser totalmente legível o que se encontra
exposto.
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