Meu Estimado Amigo
Como vais?
Que notícias tens de ti?
Diz coisas sempre que achares.
Sabes que estou a mudar de casa?
Que seca monumental, este trabalho de empacotar.
Mas, como tudo, existem lados obscuros de claridades evidentes.
Sempre que me mudo, lá fica reduzida a papelada e o espólio.
Ainda bem!
A mala vai ficando mais leve, e a vida fica nitidamente mais portátil e fácil de manusear.
Adoro rasgar papéis e deitá-los fora.
Um peso que se liberta, um registo que se abandona.
Aquela imagem da menina a beber nescafé na falésia
I can see clearly now
the rain is gone...
Óó
Cá vou eu.
Sinto a liberdade batendo na cara,
sulcando as rugas do meu caminho.
Toma o meu sorriso e um abraço
do teu enorme tamanho
meu querido amigo
de todas as horas.
quinta-feira, abril 27, 2006
Mudanças
Publicada por João Gil à(s) 10:33 da tarde
terça-feira, abril 25, 2006
Caracol ode
Querido caracol
Andas andas andas
Qual o teu horizonte
Coisas enormes decerto verás
Longos os passos da tua breve vida
Como será o mundo por ti visto
Inglória fama para tão rápida ingestão
Quão lenta a memória de te esquecer
em cada abril que apareces de novo
Dedico-te esta ode por tua honra
animal singelo e subtil que
não fosse a vicissitude e tudo mais fácil seria
por de ti tanto gostar
Publicada por João Gil à(s) 10:29 da tarde
Quem vier por bem
Meu Estimado
Hoje é dia 25 de Abril.
Onde estavas?
Piadinha... esquece.
Exercitar a liberdade é usar o 25 de Abril, não?
Festejar o feriado, ir à praia, ler um livro, ir ao cinema
ou apenas não fazer nada, pode ser uma forma de comemorar, não?
Sabemos agora todos o valor da liberdade, não?
Temos uma ideia mais aproximada da importância do
respeito pelos outros, não?
Uma data de coisas que já sabemos... não?
Mas pergunto, de que vale a liberdade se as condições de vida
são cada vez mais difíceis e apenas os bancos vão sorrindo
dia após dia?
Quem tem um banco tem tudo, não?
Ainda há pouco via o filme do 25, e confesso o embaraço.
Estive no largo do Carmo, no jornal “ República”, na PIDE, nos passeios... andei por ali, manhã cedo por aviso de camarada meu.
Para mim, é prematuro ver aquela fita.... desculpem.
Ontem no concerto em Santiago, gritei
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!
Muito bom!!!!
É fantástico poder gritar sem medo, não?
Apesar de não estar na moda.
Caguei!!!!
Gritarei sempre que se seja a ocasião, não?
Depois,
inevitavelmente,
lembro-me do Zeca Afonso.
Por bem quem vier por bem.
Publicada por João Gil à(s) 9:14 da tarde
sexta-feira, abril 21, 2006
Verdade desportiva 2
Ah... a propósito da verdade desportiva
que é um assunto pertinente
E com muita pertinácia até
Erram os árbitros porque em vez de serem dois,
é apenas um com dificuldade evidente em observar
o jogo por inteiro.
Hipocritamente o público exige dele as funções de Deus,
coisa difícil para um simples homem.
Erra o público porque parte do princípio que ninguém é honesto.
Erra o público quando chama impropérios ao guarda redes quando
chuta o pontapé de baliza.
Erra o público em manifestações racistas.
Erram os treinadores quando se desculpam por tudo e por nada.
Erram os dirigentes quando acicatam ódios provincianos.
Erram os jogadores quando manhosamente tentam enganar as pessoas,
falseando lesões e todo o tipo de representação não desportiva.
Diz-me meu amigo Quase...
Que havemos de fazer?
Os dados estão viciados.
Se calhar isto só tem piada... assim.
Falseamos colectivamente... sem importância nenhuma.
Um Abraço
Publicada por João Gil à(s) 10:30 da tarde
Verdade desportiva
Meu Querido Amigo
Estou a iniciar o fecho de um ciclo.
Este ano será o último de uma viagem
num total de aproximadamente 12 anos.
Está bem assim.
Um filme desenrola-se numa acção
em narrativa às vezes incerta,
por vezes surpreendente,
e muitas vezes incompreendida.
Faz parte.
Lembras-te quando jogávamos à bola,
e o menino que era o dono da bola,
ia lanchar a sua casinha e levava consigo o esférico?
Lá se acabava o jogo.
Nunca gostámos lá muito dele.
Com razão.
Por isso
Vou deixar tudo como está.
As paredes estão intactas.
Está na hora de fazer as malas e partir.
Levo comigo uma história bonita
Que hei-de contar aos teus netos.
Vou-te dando notícias mas vai-te preparando...
Chegou a hora
Publicada por João Gil à(s) 8:13 da tarde
terça-feira, abril 18, 2006
segunda-feira, abril 17, 2006
Na estrada
Foto: Vasco Gil
Vemo-nos por aí:
20 Abril, Ala dos Namorados (& Rui Veloso), Coliseu de Lisboa
24 Abril, Filarmónica Gil, Santiago do Cacém
2 Maio, Filarmónica Gil, Barcelos
25 Maio, Filarmónica Gil, Vidigueira
1 Julho, Filarmónica Gil, Mealhada
12 Agosto, Filarmónica Gil, Ansião
13 Agosto, Filarmónica Gil, Batalha
14 Agosto, Filarmónica Gil, Amora
15 Agosto, Filarmónica Gil, Mortágua
17 Agosto, Filarmónica Gil, Estoril – Du’Art Garden
19 Agosto, Filarmónica Gil, Penafiel
26 Agosto, Filarmónica Gil, Pico
4 Setembro, Filarmónica Gil, Palmela
10 Novembro, Filarmónica Gil, Angra do Heroísmo*
11 Novembro, Filarmónica Gil, Ponta Delgada*
* Concerto acústico.
Publicada por Baggio à(s) 11:23 da tarde
"Eles" quem?
Estimadissimo
Dispersos vão os nossos dias
Dispersos, caminhamos nós.
Camuflado pelos óculos de sol
que nem gato escondido
esperava a minha vez pelo pão quentinho e,
imaginei:
Ó shô deputado...
Por aqui?
Sim, e olhe ali atrás...
Olha quem é ele, o...
Deixe lá!
Viemos passar férias para o mesmo sítio...
Já não bastava!
Pois...
Já viu a bronca?
Há muita coisa errada entre nós.
Quem ouviremos?
Quem respeitaremos?
Não consigo silenciar.
Amanhã começamos o protesto
Uma semana inteira em que todos os utentes das
auto-estradas e pontes decidem não pagar.
Uma semana em que faltamos à obrigação,
aos nossos deveres de bem comportados.
Não vão multar 2 milhões de eleitores pois não?
Faz-me confusão, a desactivação da consciência cívica.
Faz-me confusão que a participação se resuma a um voto
de quatro em quatro, em que se elegem irresponsáveis, como se vê.
O nosso azar é que “eles” têm muita sorte, por sermos assim,
Porque afinal “eles” são a “nossa” projecção.
A imagem do nosso lado mais feio.
Aceita o desabafo meu amigo.
Vejo-te em breve.
Um abraço
Publicada por João Gil à(s) 2:40 da manhã
quarta-feira, abril 12, 2006
3º volume - a carneirada
Meu querido e estimado amigo
Não digas nada.
Por favor deixa-me chegar lá.
Às vezes o silêncio e a pausa são a melhor resposta às dúvidas.
Apesar de ter suspendido o acto de fumar,
só me apetece a prevaricação de tão almareado estar.
Este discurso hipócrita, esta moralidade importada nem sei de onde, esta directiva europeia mal fundamentada e explicada,
só me deixa perplexo e estupefacto.
Juro-te!
Preocupo-me por ti
pela família
pelos teus amigos que nem sequer conheço
e um pouco por todos enfim...
Não adopto nem aprovo esta inquisição dos bem comportados.
Nesta família sociedade, têm de estar todos sem excepção.
Todos!
Por isso se quiseres fumar só tens de ter algum cuidado:
Não mandes o fumo para cima de mim.
A vida é tua.
Faz dela o que te der na gana.
Não tens de dizer nada.
Não será um decreto ou uma proibição, que fará mudar as mentes, mas sim um maior conhecimento do seu próprio corpo.
Deixa de fumar se achares, mas que seja a tua força a decidir,
no momento e na hora por ti decidida.
Um abraço e... já sabes...
Publicada por João Gil à(s) 1:07 da manhã
domingo, abril 09, 2006
2º volume
Mais umas dicas para ti, para o caso de ainda te passar pela cabeça...
Não vás muitas vezes ao estádio da luz
Vai ao estádio de Alvalade que o problema não é teu
Não leias os jornais antes de dormir
Calça uns ténis e corre 100 metros a abrir, ou... 10 apenas
Não devas dinheiro ao estado... ou a ninguém
Traça uma data e comunica aos teus filhos
Pensa que o desejo e o vício podem ser anulados
pela conquista da vitória
Boa sorte!
Publicada por João Gil à(s) 1:46 da tarde
sexta-feira, abril 07, 2006
Como deixar de fumar. 1º volume
Meu Amigo
Por opção ou não,
quanto fumo já entrou e saiu
por esta boca que te fala?
Buf!!
Não te escondo o prazer que, afinal, só me complica a vida.
Como se fosse hoje, lembro a primeira vez lá na montanha,
ao inspirar estoicamente umas barbas de milho que me deitaram
por terra, tonto e aos tombos vomitando os pulmões pela boca.
Tunga! Caí...
Depois, fumei estilosamente como um homem durante muitos anos.
Até que, de repente, deixei... pensava convencido.
Tá bem abelha! Tinha dentro de mim a inscrição suprema,
essa pequena informação que jamais me abandonaria.
Sou um viciado!
Sou mesmo.
Que alívio afirmá-lo.
Por isso te digo, vai fazer um ano que...
Suspendi!
Palavra mais cautelosa e humilde.
Quero que te afundes adorado vício.
Sou mais forte que tu... creio... ser.
Até lá, vou-te matando um dia após outro.
Digo-te adeus meu amigo esperando as notícias tuas.
Será que suspendeste?
Sei de algumas técnicas, se quiseres...
O reconhecimento e aceitação da nossa condição,
torna-se fundamental para esta primeira fase
de uma nova vida de ares renovada.
Achas que sou paternalista com este discurso?
Às tantas...
Publicada por João Gil à(s) 10:47 da tarde
terça-feira, abril 04, 2006
Onde me sento
Estimado amigo
Tenho outras coisas em mente
Quero lá saber.
Gosto da tua boca
Do teu lábio ligeiramente torto
Das palavras que na sua beira
Pensam dizer e dizem
Entre
Abrem-se
Vejo-te
A boca
Deve por mim beijada ser
Beijado por ti
Quem se deu primeiro?
À morte não deixo
Por mim e por ti
Serás eterna
Como um pequeno beijo
À socapa
Publicada por João Gil à(s) 12:09 da manhã
segunda-feira, abril 03, 2006
A orgia dos falhados
Olá João
Creio que venho em boa altura não?
Por um lado, as coisas não estão fáceis,
mas sinto que existe algo em ti
que te deixa secretamente entusiasmado
e empolgado com uma boa luta.
Confessa...
Como eu te compreendo.
Na tua idade, não dispensaria tal prazer.
Já vi que as fofocas não afectam nem alteram a relação
que tens na tua memória.
Acredito que te chateie a manipulação sobre a tua cabeça,
e sintas que te condicionam a liberdade.
Sabes muito bem onde vives.
O teu País tem demasiada mediocridade que torna esse tipo
de jornalismo uma realidade, mas aviso-te que nalguns sítios da
tua Europa, o mesmo acontece, por vezes com mais voracidade.
Essa gente de merda, a que tu te referes, alimenta-se de porcaria e
como calculas, muitos dos teus compatriotas ditos de famosos, vendem o Pai-Mãe-Filhos-gato-cão-o que preciso fôr,
entregando e vendendo toda a sua intimidade, e até a sua alma, numa espécie de terapia de masturbação colectiva.
Só tens de compreender o processo:
Um negócio de bastante lucro onde por conseguinte, vale tudo.
Mas não te preocupes que esta orgia de falhados, dura quase sempre uma semana aproximadamente.
Depois... tudo acaba, eles lavam a consciência num balde de merda e adormecem com facilidade.
Haverá gente honesta no meio disso tudo?
Obviamente, assim como a classe dos taxistas não tem culpa da escumalha que anda na praça.
Como sempre, tens a minha paciência.
Um abraço do teu amigo
Q.
Publicada por João Gil à(s) 6:52 da tarde
domingo, abril 02, 2006
Criminosos ou filhos da Puta?
Meu Querido Amigo
Nem sei bem como te abordar neste assunto.
Às vezes procuro nas palavras o sentido das coisas.
Directas ou irónicas, procuro as palavras necessárias,
as que melhor abrem as portas da minha percepção,
as que estão mais à mão da alma.
Por isso, com mil cuidados me dirijo e a ti me confio.
Tanto o jornal mais bizarro que apareceu nos últimos tempos,
que se chama “24 horas” como a revista cor de rosa “ Nova Gente”,
inventaram coisas, histórias, argumentos, legendas de fotografias minhas, imaginando cenários sobre a minha vida privada.
Como sabes, nunca da minha boca sairá seja o que fôr sobre
assuntos íntimos ou privados da esfera da minha vida.
Que fazer?
Se respondo, alimento a novela, acabando por fazer aquilo que, afinal eles querem.
Se deixo de aparecer nos sítios, tenho a minha liberdade limitada, direito esse que não é justo ver limitado.
Se os ponho em tribunal, a indmnização e esforço de todos,
para além da morosidade e inacção da justiça Portuguesa,
justificam a ideia do crime que compensa.
Vou ser superior a isto tudo.
É muito o dinheiro sujo feito por este tipo de gente.
Eles têm um nome e eu tenho uma dúvida:
Criminosos ou filhos da puta?
Publicada por João Gil à(s) 2:58 da tarde