domingo, setembro 18, 2005

Cuidado!!

Tenho de desabafar.
Temos de partilhar coisas que são de domínios intuitivos e, que assim sendo, podem ser consideradas como preocupações, que o tempo, espero, contrarie.
O argumento acerca da rapidez do anúncio da candidatura de Mário Soares corresponde à inversa proporcionalidade,
dos "timings" de Cavaco Silva.
Muito Bem.
De Soares já, ou quase tudo se sabe, mas de Cavaco, sabe-se o quê?
Com tudo o que implica, faço esta crónica com algum ânimo leve.
Esta gestão do seu silêncio, este aproveitamento do desespero de muitos, do desalento de muitos outros,
do descrédito de sucessivos governos, dos partidos, da desorientação geral, levam-me a colocar questões de cidadania,
que ultrapassam largamente apenas o nosso tempo colectivo, a ideia do nosso presente.
Água no bico.
Nada é inocente.

Tenho algumas dúvidas, até pela nossa educação cristã, que alguém, se candidate, com a sua última tentação.
- Ser um novo D.Sebastião?
- Ser o nosso "salvador"?
- Ser o grande "Messias"?
- Pôr ordem na casa e banir o "mal" que conspurca?
- Misturar no mesmo saco os corruptos com a intelectualidade pensante?
- Substituir o nosso pensamento por uma circular interna?

Tenho a certeza que nada disto vai na cabeça do candidato Cavaco, mas estou seguramente seguro que:

Existe essa inscrição na memória de Portugal e no mundo.
A omnipresença de um espírito paternal que substitui e facilita a preguiça de pensar.

Não tenho medo de Cavaco, mas receio, e de que maneira, a expectativa que à volta dele está a ser criada.

O pior de Portugal, e o pior do mundo, gostam sempre de alguém que seja poderoso, que proteja....

O nosso Pai

Eu, por mim?
Já tive um e muito aprendi com ele.
O valor e o exercício da liberdade como valores decisivos.
A capacidade de formatar uma opinião.

SER LIVRE!

3 comentários:

A.P. disse...

Essa ideia de "D. Sebastião" de "Messias" pode ser deveras preocupante. Os "agitadores" de massas, os políticos populares (ou populistas) movimentam massas, povos e que surgem como salvadores da pátria detém um poder que pode ser perigoso.
Penso que não seja o caso, mas vamos esperar para ver.
A figura de que aqui falas é daquelas de quem ou se gosta ou se detesta, não há meio termo nem indiferença... é como um certo José.
Espero que os portugueses não mergulhem num marasmo de ideias e que continuem a haver pessoas que lutem pelos seus ideais e sonhos. Que continuem a viver e sentir como é bom ser livre, ter liberdade de escolha, de decisão e de expressão que cada vez mais é dada como adquirida e cada vez mais sentida como banal.
Sintam o prazer de ser livre. Viva a Liberdade!

Elora disse...

No minimo devemos exigir um presidente que saiba mastigar de boca fechada.

Unknown disse...

E se nós não votássemos!
Ou, vamos todos votar no que tenha menos probabilidades de ganhar.
Sempre votei, mas ando sem vontade de voltar às urnas. Não voto Soares, nem Cavaco, já vi o que eles fizeram por Portugal e não me interessa, nadinha.