domingo, outubro 02, 2005

Fragmentos

Os fragmentos de um fim de semana amontoam-se numa pilha disforme e difusa.

- Os suícidas de Bali, e a ideia que há coisas que nos escapam.

- O sucesso do euromilhões em Portugal, coisa normal para quem hipoteca o futuro à mercê da sorte do acaso.

- A cruz de Peseiro, e a confiança no guarda Ricardo, em redes nacionais.

- O peso desmesurado do futebol, no vazio de lixo do mar de sangue, que alimenta a nossa sede de morte.

- As interrogações de Marcelo: Votará o povo naqueles personagens?

- A perplexidade do porquê das legendas no telejornal do canal 1, quando, num depoimento feito por um imigrante vindo
de África, num português perfeitamente normal, descreveu o processo e o custo de uma tentativa frustrada.
Quem foi o imbecil que achou que um "assaltante" não se faz compreender?

Ocorreu-me, no entanto que dar um nome ao peixe limpa-vidros, pode ditar a sua morte, ele, o peixe negro,
que, de quando em vez, surge fora de horas, almeidando meticulosamente as paredes do aquário, ele, que se esquece de tudo num segundo, donde veio, ou para onde irá... ele preocupa-me...O Ajax...


É ou não determinante, a memória como razão de ser...um ser.

3 comentários:

m disse...

Nos dias que correm vai-se a memória ou existe quem tente baralhar-nos.

Dia 5 de Outubro (quarta-feira, feriado) frente à antiga sede da PIDE em Lisboa (Rua António Maria Cardoso) às 14:00 em ponto não vamos permitir que nos apaguem a memória!

muguele disse...

É assim que os "personagens" imaginam o nosso futuro:
Um monte de individuos desmemoriados, abrindo e fechando a boca sem falar, apanhando meticulosamente as migalhas por eles deixadas (conservando, todavia, a capacidade de fazer uma cruz num papel quando nos mandam).

A propósito, o nome do bicho não é limpa-fundos? Bastante mais apropriado, não achas?

muguele disse...

Não estava a referir-me ao nome próprio, obviamente. Era mais ao nome da espécie. de qualquer maneira, Ajax não é só limpa-vidros.

O facto de dar este nome a este pobre funcionário de limpeza pode, só por si, dar a ideia exacta da decadência dos tempos em que vivemos, quando um valoroso e poderoso guerreiro do passado, combatente da guerra de Troia (quem sabe até um dos responsáveis pela implosão dos mamarrachos, eh eh) se vê reduzido à condição de faxineiro de uma qualquer prisão aquática.