Sim João, de facto a lide, e a ideia de sol e sombra,
tem suscitado de tudo um pouco.
O sol que ilumina o gesto,
a luz de um traje que pelo animal estropiado,
tem gerado palavras, cujo peso e massa
dele brilham, brotam e sangram.
A sombra feita por um animal barbarizado,
mas cuja vida depende apenas da má sorte que lhe está destinada, como uma galinha que nasce para o efeito
sem uma causa...
Nada te choro.
Quem enfrenta um animal ferido, sangrado e enfraquecido,
às penas e lamentos não deve exigir.
Sei que os códigos de afirmação entre um grupo de homens,
nascidos e criados em lezírias, encontram muitas vezes na arena,
a galhardia e a coragem de um vínculo, uma identificação ou um sinal dentro de uma tribo qualquer.
Depois, vêm suas mães lamentar e apanhar a dor que caiu por terra.
Tudo isto tem um passado.
Sim, tens razão que me deu um certo jeito,
não tenho que me justificar a ti ou a quem quer que seja,
mas não tenhas dúvidas:
É na verdade mais fácil escudar uma opinião numa verdade aparentemente justa e correcta.
Mas não chega para entrar no céu.
Consuma-se internamente no presente colectivo... apenas.
Por isso, apelo-te para a compreensão dos homens, para a explicação das estrelas.
Porquê tudo?
Não te apresses a dizer não.
Cordialmente
Q.
terça-feira, janeiro 17, 2006
Traje de luzes
Publicada por João Gil à(s) 12:02 da tarde
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5 comentários:
porquê?
para quê?
onde?
como?
quando?
não massacrem os animais...
...não massacrem a vida!
As touradas só existem porque há pessoas que pagam para as ver. Essas são as verdadeiras culpadas. Tudo se resume a dinheiro, à lei da oferta e da procura. Não me venham falar de arte. Que arte existe em maltratar cobardemente um animal? Sim, cobardemente! Em igualdade de circunstâncias, ninguém tem tomates para os enfrentar.
Já me esquecia: bem-vindo, João. Espero que se tenha divertido. O Quase foi-nos fazendo companhia, trocando-nos as voltas com os seus malabarismos semânticos. Gosto dele. Tenha cuidado ou ele ainda lhe monopoliza o blog e os leitores.
Para quem ainda não leu, leia: "Miura" do livro Bichos, de Miguel Torga.
Deixo aqui um excerto:
"Subitamente, abriu-se-lhe sobre o dorso um alçapão, e uma ferroada fina, funda, entrou-lhe na carne viva. Cerrou os dentes, e arqueou-se, num ímpeto. Desgraçadamente não podia nada. O senhor homem sabia bem quando e como fazia. Mas porque razão o espetava daquela maneira?..."
Uma interpretação
As touradas, as lutas de animais, a caça desportiva, o desrespeito pela vida selvagem e o ambiente, são sinais óbvios de que o homem foi um erro da natureza. E ainda por cima somos arrogantes! Racionais? Quem, nós?
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